Movimento de Reorientação Curricular 

Educação de Jovens e Adultos

A educação de adultos foi uma das quatro prioridades da gestão de Paulo Freire. Já havia na rede escolar do município o curso Supletivo, que funcionava em algumas escolas, à noite, junto com o ensino regular de 5ª a 8ª série e ensino médio, para alunos que trabalhavam durante o dia. 

Um programa de alfabetização de adultos que funcionava há cerca de 20 anos na Secretaria do Bem-estar Social foi transferido para a Secretaria de Educação demandando integração dos profissionais, procedimentos administrativos específicos e provimento de recursos próprios para a instalação do programa e para a supervisão pedagógica.

Além disso, tivemos um aumento de demanda, com grande diversificação de atendimentos, já que a presença de Paulo Freire à frente da SME suscitava grandes expectativas da população com relação a essa modalidade de ensino.

O desafio era grande e precisávamos ampliar parcerias e construir conhecimentos para enfrentá-lo, com discernimento e firmeza.

Um grupo de trabalho composto na equipe da SME, por representantes da universidade com pesquisa na área e por representantes de organizações da sociedade civil foi formado para, no prazo de sessenta dias, definir uma política para educação de adultos. Como resultado desse trabalho, definimos um programa abrangente para acolher os vários projetos ligados à educação de jovens e adultos.

Com base na problematização realizada, sabíamos que precisávamos superar uma pedagogia que infantilizava os adultos, somente porque eles ainda não dominavam a leitura e a escrita. Ao mesmo tempo, era preciso problematizar a concepção vigente de que somente se atingiria uma melhor qualidade da escolarização oferecendo a todos com um mesmo atendimento, independente do perfil de cada educando. 

O desafio de uma política de educação voltada para o exercício do direito social e individual de jovens e adultos teve como ponto de partida o reconhecimento de que tais educandos já trazem saberes construídos em suas práticas sociais. E que saberes seriam esses? Era essa a pergunta que nos instigava. 

Os vários documentos elaborados nesse período refletem o processo vivido nos vários projetos e o conhecimento produzido coletivamente.

MOVA (Parceria entre SME e Entidades da Sociedade Civil)

O MOVA-SP (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos da Cidade de São Paulo) surgiu a partir de uma proposta de participação popular e ação cultural, visando assegurar aos jovens e adultos não escolarizados da cidade de São Paulo o direito à alfabetização e à continuidade do processo educativo. Tinha por princípio a garantia da participação popular, reconhecendo o saber acumulado pelos movimentos populares e assegurando a sua contribuição na constituição das diretrizes políticas da Secretaria Municipal de Educação (SME). Esse movimento deu origem a quatro publicações.

MOVA - Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos na cidade de São Paulo (Caderno 1) 

Essa publicação discute a questão do analfabetismo e apresenta dados a esse respeito. Aborda os objetivos do convênio celebrado pela SME com movimentos populares e dá orientações sobre sua da participação. 

Princípios Político-Pedagógicos do MOVA - SP (Caderno 2) 

Esse caderno tem como tema central a metodologia de trabalho com temas geradores ou grupos temáticos. Nessa metodologia, parte-se do contexto experiencial e do saber dos educandos e indicam-se caminhos para a ampliação e o desenvolvimento de níveis mais elaborados e críticos desse saber.

Reflexões Sobre o Processo Metodológico de Alfabetização (Caderno 3) 

Nessa publicação apresentam-se os passos do processo de alfabetização, e sugerem-se caminhos a serem propostos aos educandos.

Construindo o Ciclo Ensino Fundamental I – MOVA-SP 

Esse caderno faz uma sistematização do trabalho do MOVA-SP, abordando a metodologia de trabalho proposta e apresenta dados sobre o movimento na cidade de São Paulo.

Construindo a Educação do Jovem  e Adulto Trabalhador

São Paulo 1989: Educar Adultos Para Quê? (Caderno de Formação 1) 

Formulamos um simpósio que tinha a seguinte provocação: educar adultos para quê? Esse encontro foi aberto para os educadores que atuavam no ensino noturno da rede e para convidados de organizações e movimentos sociais que faziam educação de adultos. As reflexões que se seguiram nos orientaram e foram dando sentido e significado para outras iniciativas. Esse caderno é resultado dessas reflexões.

Reorientação do Ensino Noturno: Diretrizes para Elaboração de Projetos Pelas Escolas (Caderno de Formação 2) 

Elaboramos esse caderno para que as escolas acompanhassem o movimento de reorientação curricular, garantindo, no turno da noite, projetos que viessem ao encontro das necessidades de educandos e educadores e a criação de um ambiente escolar condizente com as especificidades do perfil daqueles educandos. 

Alfabetização: Leitura do Mundo, Leitura da Palavra (Caderno de Formação 3) 

Em 1990 comemorou -se o ano internacional de alfabetização com a edição de um texto que registra o diálogo entre o Prof. Paulo Freire e o Prof. Márcio D’Olne Campos, compondo um Caderno de Formação com uma edição de dez mil exemplares. Nele encontramos os princípios e fundamentos teórico-metodológicos que subsidiam uma alfabetização crítico-libertadora.

Reorientação Curricular do Ensino Noturno: Estudo do Meio e outras saídas para o Ensino Noturno: Teoria e Prática (Caderno de Formação 4) 

Vários projetos das escolas para o ensino noturno foram relatados nos seminários que realizamos em cada região da cidade e, conforme o estágio de cada escola, os projetos assumiam características bem diversas. Tínhamos uma inquietação: como ajudar as escolas a realizarem o estudo da realidade local  mobilizando  educandos e educadores no ensino noturno ?

Resolvemos então, com a parceria dos representantes da universidade, da Divisão de Educação de Adultos (DOT-EDA) e as equipes dos dez núcleos de ação educativa, criar um projeto de Estudo do Meio no período noturno, no centro velho da cidade de São Paulo. Após a sua execução, análise e reflexão, o estudo do meio foi realizado em outros pontos da cidade, com outros roteiros e com a participação de educadores e educandos das escolas do ensino noturno. Esse caderno é o registro desse projeto. 

Reorientação Curricular do Ensino Noturno: Construindo um Novo Ensino Noturno - Sistematização de Projetos Elaborados pelas Escolas (Caderno de Formação 5) 

Mais de cento e dez escolas que tinham atendimento no noturno aderiram à proposta de elaboração de projetos próprios. Organizaram-se equipes articuladas e foram desenvolvidos projetos de acordo com as necessidades específicas de cada escola, da assessoria pedagógica das equipes dos Núcleos de Ação Educativa (NAES) e repasse de recursos. Nesse caderno podemos encontrar a descrição e desses projetos autorais, agrupados por semelhanças, e a reflexão sobre eles.

Projetos

Destacamos, ainda, outros projetos que tiveram origem em demandas específicas e foram organizados em 3 blocos:

Curso de Magistério para monitores de Educação de Adultos 

Formação Especial para o Magistério: Uma Experiência Pedagógica na Rede Municipal de Ensino 

Esse relatório faz uma avaliação geral do trabalho com Turmas Especiais de Habilitação Profissional Específica de 2° grau para o Magistério para Monitores de Educação de Adultos, destacando os aspectos mais significativos. 

Projeto Magistério: As Monografias dos Alunos das Turmas Especiais de Habilitação Específica a Monitores de Educação de Adultos (Caderno de Formação)  

Apresenta quatro monografias produzidas pelos alunos do curso Turmas Especiais de Habilitação Profissional Específica de 2° grau.

Relatos de Práticas Pedagógicas: A Produção dos Monitores – Alunos das Turmas Especiais de Habilitação Específica a Monitores de Educação de Adultos   

Esse caderno é constituído de relatos de prática, reflexões e técnicas pedagógicas desenvolvidas pelos Monitores de Educação de Adultos, alunos do curso Turmas Especiais de Habilitação Profissional Específica de 2° grau, de fevereiro de 1990 até agosto de 1991.

Oferta de Ensino Supletivo para Funcionários de outras Secretarias Municipais 

Frente do Funcionalismo: Projeto Supletivo Educação e Saúde    

Esse caderno trata das ações do projeto Supletivo Educação/Saúde, direcionado aos funcionários das áreas de Saúde, complementando sua escolarização e dando ênfase à reflexão sobre sua área de conhecimento e preparando-os para o pleno exercício da cidadania. 

Oficinas

Relatos de Práticas Pedagógicas -  Produção e Difusão de Textos: Uma Construção Coletiva    

Essa publicação discute necessidades e possibilidades de construção de textos pelos educandos, dando orientações para a sua ilustração, replicação e difusão, entre outras. 

Relatos de Práticas Pedagógicas - Alfabetização de Adultos: Um Desafio Pedagógico, Político e Social   

Essa publicação discute necessidades e possibilidades de construção de textos pelos educandos, dando orientações para a sua ilustração, replicação e difusão, entre outras. 

Ciclo de Debates

Ciclo de Debates: (Re) Construindo a Educação: A Contribuição dos Negros Brasileiros   

Resenha de palestra proferida por Regina Inês Villas Boas Estima em um ciclo de debates, trazendo elementos para se pensar a realidade do aluno negro trabalhador na cidade de São Paulo.