O Educador Sócrates Magno Torres é cientista social, membro do Coletivo Paulo Freire e professor convidado da FESPSP - Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, onde ministra curso de extensão sobre "Educação Libertária", além de coordenar o Coletivo NIP - Núcleo de Inteligência Periférica. Com histórico de rodas de conversas sobre educação libertária, formação política em assentamentos, ocupações e aulas públicas, Sócrates é poeta nas horas vagas, mas sonha em sê-lo também nas horas ocupadas.

O Projeto

Este projeto, que na verdade chamo de “processo”, conta, inicialmente, com a chancela inicial do Coletivo Paulo Freire e tem como grande objetivo realizar rodas de conversa em diversas unidades escolares, coletivos, institutos de educação, coletivos, da América do Sul, relacionadas à educação libertária. Sobretudo, entidades que carreguem o nome e o legado do Educador Paulo Freire.

Para tal, percorrerei ao menos 40 cidades, realizando atividades formativas, desde o Uruguai, chegando até a Terra do Fogo, na Argentina, passando por cidades do Chile, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela.

Os encontros formativos serão previamente agendados com essas entidades, que estão sendo mapeadas e contatadas, para a realização das atividades. Assim, poderemos ter tempo para mobilização de agentes ligados à educação para que possamos realizar as rodas de conversa e entendermos as abordagens de cada unidade,  assim como  discutir os fundamentos do pensamento freireano, além do pensamento de diversas autoras e autores ligados à educação libertária e decolonial.

No decorrer do percurso, junto com as entidades visitadas, formaremos uma rede de trocas, integração e cooperação que englobará todas elas e possibilitará a abertura para inclusão das demais que se identifiquem com as discussões relacionadas ao tema. Será como uma cartografia de afetos, que traçará uma espécie de espinha dorsal na América do Sul, onde o pensamento do educador Paulo Freire esteja presente.

 Ao final da execução deste projeto, pretendemos, como produto, realizar uma publicação homônima sobre as experiências realizadas em cada unidade, trazendo relatos e fundamentações teóricas que foram discutidas ou observadas durante as intervenções.

Justificativa

Nas últimas décadas, a América Latina passou por diversas transformações, no que diz respeito aos regimes políticos, econômicos e sociais. Foram muitos avanços e retrocessos para a Democracia e para a própria educação, enquanto importante instituição para consolidação dos Direitos Humanos, respeito ao meio ambiente, aos povos originários, às lutas antirracistas, feministas, à diversidade de gêneros e aos demais grupos sociais historicamente oprimidos e perseguidos no nosso continente.

Essa jornada educativa visa unir pontos e analisar as formas com que essas entidades, as pessoas envolvidas, as sociedades as quais estão inseridas realizam o enfrentamento aos retrocessos e promover uma troca com outras comunidades, para que possamos auxiliar uns aos outros nos processos de consolidação da Democracia no nosso continente.

Acreditamos que essas trocas poderão somar de alguma forma às leituras do mundo, de cada entorno, e também à uma visão global das soluções integradas que poderão contribuir, mesmo como pequeninas revoluções com as diversas ações e iniciativas existentes para a busca e construção efetiva de um mundo melhor e mais justo.

Execução

Essa jornada se iniciará no dia 1º de setembro de 2022, a partir da cidade de Porto Alegre, com destino à Puerto Chuy, no Uruguai. Teremos atividades nessa localidade e depois avançaremos para a capital, Montevidéu. Ficaremos, entre um e dois dias em cada cidade e realizaremos todos os traslados através do transporte público.

Adentraremos a Argentina pela capital Buenos Aires, onde tentaremos agregar diversas instituições que correspondem ao objetivo do projeto, em uma ou duas atividades integradas.

Em seguida, o destino será o sul do continente. Pretendemos passar por cidades como Bahía Blanca, Puerto Madryn, San Julian, entre outras, até chegar à Tierra del Fuego, Ushuaia.

Em seguida iniciaremos a subida em direção ao centro sul do Chile, na altura de Bariloche e Puetro Mont, até chegarmos à capital, Santiago, passando também por algumas outras cidades nesse ínterim. Depois retornaremos à Argentina, na altura de Mondoza até chegar à Rosário, Santa Fé. Avançando, chegaremos à Assunção, no Paraguai. Subiremos até Santa Cruz de La Sierra, já na Bolívia, além de Cochabamba, a capital La Paz, até que continuaremos no sentido Cuzco, no Peru. Iremos à Nazca, Pisco e Lima. Na sequência, iremos sentido Equador pela Rodovia Pan-americana, até Guayquil e Quito. Subiremos até Cali, na Colômbia, Medellin e Bogotá. Seguiremos até a Venezuela. Esse trecho ainda depende das condições das fronteiras. Podemos seguir por Bucaramanga e chegarmos à Mérida, até Caracas. Mas também poderemos chagar á capital venezuelana, através de Puerto Carreño e Puerto Paéz.

Muitas cidades não foram citadas, mas fazem parte do roteiro e outras mais poderão entrar, de acordo com o avanço do mapeamento e contatos que possam ser possíveis por parte de instituições que estejam no nosso roteiro, que demonstrem interesse e tenhamos condições de tempo e logística para realizarmos. Esta execução tem uma previsão inicial de duração de 105 dias podendo variar, de acordo com a progressão, suporte financeiro, mudanças de planos para englobar mais cidades, condições climáticas, situações políticas e sociais de cada país, estado físico do educador Sócrates.

Contaremos com o importante apoio de uma pessoa, localizada na cidade de Montevidéu, responsável pelos contatos e pelas negociações, operações financeiras e logísticas. Além de ser o contato primeiro com outras instituições, imprensa, apoiadoras e apoiadores.

Financiamento

O financiamento para execução desse projeto será realizado através de vaquinha eletrônica, depósito e pix de doações voluntárias, além da busca de instituições que possam contribuir para essa jornada, associando a sua marca ao projeto. Pretendemos confeccionar cards para cada atividade, que divulgaremos na imprensa, nas mídias sociais e em vídeos diários, para acompanhamento de seguidores. Assim, as marcas de instituições parceiras serão exibidas e as mesmas também contribuirão na divulgação do projeto, em tempo real. Buscaremos também financiamento de editoras que tenham interesse em publicar o trabalho final que será um livro com o nome do projeto. Estamos abertos a negociações sobre parcerias e contrapartidas possíveis.

Conclusão

Acreditamos muito nos processos de educação libertária. A execução deste projeto pode acender uma luz inspiradora em muitas pessoas e instituições espalhadas pelo continente e contribuir para que possamos vislumbrar um mundo melhor. Nas intervenções pretendemos aprender muito mais que ensinar, trocar experiências, compartilhar as vivências anteriores com as que vêm em cada encontro subsequente. Além disso, a execução desse projeto será apenas o início de um profundo e amplo debate sobre a educação no nosso continente, que poderá reverberará em diversas novas rodas de conversa, publicações, conteúdo de audiovisual, debates sobre essa experiência.