Projetos Especiais SME

(Secretaria Municipal de Educação)

Educação Especial ou Educação? A Busca de Novos Caminhos (1992)

Projeto Gênese - A Informática Chega ao Aluno da Escola Pública Municipal (1992)

Pela Vida, Não à Violência (1992)

Cartazes

Pela Vida, Não à Violência (1992)


O embrião do projeto Pela Vida, Não à Violência nasceu no Gabinete do Prof. Paulo Freire, logo no início da sua gestão. Numa reunião com assessores do Gabinete do Secretário (Profª. Cecília Guaraná e Dr. Jairo Fonseca) e da CONAE (Profª. Dirce Gomes),o  Prof. Paulo mostrou-se preocupado com a frequência de queixas sobre a  ocorrência de depredações, invasões, furtos, etc.  nas escolas municipais, principalmente nos finais de semana, mostrando um quadro complexo de violência a exigir providências urgentes para sua alteração. Foi formado então um grupo de estudo, multidisciplinar (pedagogo, advogado, assistente social e psicólogo) para, juntamente com os NAEs, analisar a situação e propor ações de curto, médio e longo prazo para tratar as questões de violência. Começou aí a estruturação do Projeto conforme o relatado no presente caderno. A formalização do Projeto, já com foco no ECA/90, está na Port.7372 de 11/6/92.

Participei desse Projeto até o fim da gestão e manifesto aqui meu profundo respeito e admiração por este Educador, que na sua sabedoria e grandeza viu, com olhos de quem quer ver, a violência da sociedade, também presente na Escola, e ousou enfrentá-la sempre defendendo a vida.

(Colaboração Dirce Gomes)


Seleção e Formação de Operacionais

Uma Nova Experiência na Educação Municipal (1990)

Em 1989 a Prefeitura de São Paulo viveu uma grande virada na sua proposta administrativa com a eleição de Luiza Erundina. E o sentimento de que naquela hora poderíamos avançar em direção à cidade que queríamos ter, foi fortalecido com a indicação do Prof. Paulo Freire para secretário da educação. O ano já começou com um grande desafio e com data marcada! A Secretaria de Administração faria, nesse mesmo ano, um concurso para operacionais a fim de atender as diversas secretarias, inclusive da Educação.

E o dilema se apresentou de imediato! Educadores que acreditam na concretude do aprendizado, na participação do indivíduo na construção de seu conhecimento, no papel educador de todos os trabalhadores da escola poderiam selecionar vigias e serventes escolares por meio de uma prova de conhecimentos gerais?

Será que saber separar sílabas da palavra vassoura ou fazer multiplicação seria parâmetro para selecionar pessoas que soubessem fazer uma boa limpeza de salas de aula, orientar a entrada e saída dos alunos, organizar o recreio?

A maioria dos operacionais em exercício nas escolas estavam inscritos para o concurso, mas já tinham saído da escola há muito tempo. Embora fossem eficientes no desempenho de suas funções, será que não teriam dificuldades para aprovação num teste de escolaridade?

Um concurso com provas práticas foi a solução proposta pela Educação e aceita pela Administração , que continuaria a fazer a prova de conhecimentos gerais, mas com peso bem menor no fechamento da nota final. “Saber fazer vale mais” era o Norte da proposta e SME ficou responsável pelo planejamento e realização dessa grande e trabalhosa inovação.

A equipe, formada por assessores do secretário de educação, representantes de CONAE e diretores de escola assumiu o desafio, na perspectiva democrática e popular da nova administração, para delinear o perfil desejado dos funcionários, os critérios de seleção e as provas. O grupo de formulação da prova trabalhou com afinco observando as rotinas dos operacionais escolares e seu relacionamento com educadores, alunos, pais e comunidade. Vivenciaram atividades como varrer classe, empilhar carteiras, tirar pó, limpar banheiro, etc. para que tudo fosse calculado no tempo e recursos disponíveis para a prova.

O dia D chegou! Os envolvidos eram milhares. A equipe central organizou uma logística inédita para que tudo corresse dentro da calma e tranquilidade desejadas e com a garantia do sigilo das provas. 12.544 candidatos às vagas de servente escolar, 3.997 inscritos para vigias, 750 funcionários da rede de ensino para a realização das provas.

As provas foram realizadas com grupos de seis em cada classe, embora o desempenho fosse individual para realização das tarefas de limpeza e resolução de situações-problema. Esse formato trouxe alívio aos candidatos que já trabalhavam em escolas, que sentiram seu trabalho cotidiano reconhecido e valorizado.

A ênfase no saber fazer e o êxito na realização de um concurso inédito na prefeitura demonstrou o valor da ousadia e da determinação em investir no novo, quando fundado em princípios e valores consistentes.

Acreditamos que esse documento continua atual mesmo trinta anos depois e poderá inspirar muitas secretarias em seus processos seletivos de funcionários.

Você encontrará na primeira parte do relato a descrição pormenorizada dessa experiência inovadora, inclusive as questões utilizadas nas provas e uma carta de Paulo Freire aos envolvidos no concurso.

A segunda parte relata a formação inédita dos 150 novos vigias concursados promovida pela CONAE – Coordenadoria dos Núcleos de Ação Educativa, ocorrida de 4 a 13 de julho de 1990. O sucesso da formação conduziu a ações semelhantes com os vigias já em exercício, alcançando 1.500 no período de um ano.

A proposta surgiu a partir da análise de processos que chegavam à CONAE com queixas e solicitações relativas a questões funcionais com os vigias escolares. Percebeu-se que quase nada se sabia do perfil desses funcionários além de seus dados cadastrais; suas origens eram variadas e nada relacionadas a escola. A proposta de formação trouxe a oportunidade de um espaço onde poderiam se conhecer (e se dar a conhecer), falar de suas experiências de vida e nas escolas e, principalmente, promover a discussão de um novo papel do vigia educador. O pressuposto de que todos que trabalham na escola têm também uma função educativa permeou toda a ação da SME durante o período da administração de Paulo Freire/Mario Sergio Cortella.

Esses relatos reavivam e homenageiam a memória de educadores que participaram, com compromisso e dedicação, de um período de grande efervescência intelectual e criativa para a realização de tantos sonhos sonhados juntos para a educação das crianças de nossa São Paulo.


(Colaboração Yara Brandão Boesel)