Rádio de Bitita
Um projeto da EMEF Espaço de Bitita (EMEF Infante Dom Henrique/EMEF Escritora Carolina Maria de Jesus)
Contexto
No contexto da pandemia de Covid-19, da suspensão das aulas presenciais e, consequentemente, do distanciamento entre os alunos e professores, surgiu a necessidade de continuarmos em contato com os estudantes da Educação de Jovens e Adultos, manter os vínculos construídos e informá-los a respeito deste período de afastamento.
Para este momento, a escola organizou as turmas em grupos de WhatsApp, já que essa ferramenta se mostrou muito mais democrática e intuitiva do que outras plataformas propostas para o trabalho remoto. Para o nosso público- alvo, as mensagens por áudio atenderiam muito bem a todos os estudantes, mesmo aqueles ainda em processo de alfabetização.
Porém, para que nossos informes e discussões não fossem “só mais um áudio”, passamos a incrementar as mensagens, com vinhetas, vírgulas sonoras e outros recursos que chamassem a atenção e, ainda assim, tornassem a experiência mais divertida. Esse foi o início da Rádio de Bitita que, em mais de 40 episódios, amadureceu muito em seu formato, conteúdo e edição.
Objetivos/Concepção
• Produzir uma nova forma de comunicação e possibilitar novos recursos pedagógicos;
• Produzir material de qualidade que possa circular dentro e fora da escola, discutindo temas importantes e contando com a participação dos alunos;
• Amplificar as vozes dos integrantes da escola e do território, tratando de temas específicos da nossa comunidade e que constroem a identidade do lugar.
Integrantes
Carolina Cortinove (Artes)
Eodete Ferreira (Turma A2 – EJA)
Fabiana Raposo (Língua Portuguesa)
Fernanda Zientara (Língua Portuguesa)
Gabriel França (Turma B1 – EJA)
Gabriela Rauseo (Sala de Leitura)
Jéssica Salomão (Inglês)
Lucas Rech (Pesquisador e Doutorando em Educação pela PUC - RS)
Marcela Novaes (Arte)
Ricardo Martins (História)
Rodrigo Baglini (Educação Digital)
Rosângela Parlamento (História)
Suzana Moura (Língua Portuguesa)
Diferença entre Rádio e Podcast
A principal diferença entre rádio e podcast está no modelo de consumo e transmissão. Enquanto as rádios mantêm uma grade de programação linear e, geralmente, são transmitidas ao vivo e ao mesmo tempo para todos os ouvintes, os podcast são produzidos e consumidos sob demanda. Ou seja, os programas podem tratar de assuntos diversos e serem ouvidos onde e quando o usuário quiser. Bastar acessá-los via internet.
É importante ressaltar que a Rádio de Bitita ainda transita por esses dois formatos, numa tentativa de contemplar o que pensamos para a escola e alinhar com o que entendemos quanto à comunicação via meios tecnológicos. (um “radcast” ou um “podrádio”?)
Como Nascem as Pautas
Nas reuniões semanais, pelo Google Meet, sugerimos assuntos vindos das demandas do cotidiano e que poderiam ser abordados pelos episódios da rádio. Buscamos aqueles que mais conversem com a realidade dos nossos alunos e que sejam urgentes de discussão. Lançamos ideias, dividimos o trabalho e elaboramos um plano inicial de execução do episódio, definindo as pessoas envolvidas e datas de publicação.
Organização do Grupo e Tecnologia Necessária
Continuamos as discussões no nosso grupo da rádio no WhatsApp, “adotando” os temas e nos dividindo por tarefas: pesquisa, escrita do roteiro, contato com possíveis participantes do episódio (alunos, professores ou outras pessoas que possam contribuir com a discussão), revisão do que foi produzido, gravação, pré-edição dos áudios e pós-produção do episódio, com a inserção das vinhetas, trilhas e efeitos sonoros.
Basicamente, tudo é realizado pelo celular: desde as discussões até as gravações. Para a edição e produção do episódio, utilizamos um computador com softwares de edição de áudio (Audacity, Reaper, Vegas). Todas as terças e quintas, disparamos o áudio e o card com as informações do episódio nos grupos das turmas no WhatsApp, nas redes sociais da escola e, recentemente, no Spotify.
Obstáculos e Desafios
O isolamento social é um obstáculo significativo, bem como a pouca tecnologia disponível por parte dos alunos, especialmente a internet banda larga, o que ainda dificulta atingir a todos, pois nem todos estão ativos nos grupos de WhatsApp ou acessam as redes sociais.
Além disso, dar conta de todo o trabalho de produção de um episódio, sem deixar de lado o trabalho diário com as nossas disciplinas. São aproximadamente 20 horas de trabalhos para a produção de um episódio de 15 minutos.
Por isso alterações foram necessárias para manter a qualidade do material produzido, tais como ajustar a periodicidade no lançamento dos episódios e redimensionamento da equipe de trabalho.
Por Que Vale a Pena
Promove o protagonismo estudantil, o vínculo entre professores, escolas e estudantes, possibilita o enriquecimento curricular e é um refresco para os tempos sombrios que vivemos. É divertido demais!
E como ouvir a Rádio de Bitita?
Recapitulando
Deu para notar que o trabalho coletivo é essencial para que as várias etapas do trabalho possam ser divididas e desenvolvidas, de acordo com as habilidades de cada integrante. Sempre encontramos alguém que tem mais jeito para a elaboração de roteiros, outros passam um pente fino no texto final e há sempre aqueles que mandam muito bem no uso das tecnologias. Ainda assim, a Rádio é produzida a partir de recursos bem simples, muitas vezes, com o próprio celular.
Algumas dicas importantes:
- Levar em consideração seu público-alvo, para a seleção de temas e para a organização do episódio.
- Estar sintonizado(a) com tudo o que acontece, mas sem deixar de considerar temas relevantes que possam contribuir para a formação do público.
- Fazer reuniões para definição de pautas e usar outras formas de comunicação para ajustes que ocorrerão durante o desenvolvimento dos roteiros/episódios.
- Roteirizar o tema da semana, já pensando na divisão de falas, sugestões de músicas, diálogos ou entrevistas.
- Revisar o roteiro.
- Gravar os áudios (no celular mesmo!)
- Editar os áudios em programas como o Audacity ou Reaper
- Inserir músicas, efeitos sonoros, vinhetas.
- Publicar o seu podcast, o que pode ser feito em plataformas como o Anchor, que possui interação com o Spotify por exemplo.
- Espalhar pelas redes sociais a novidade!
RecapitReferências Bibliográficasulando
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BELLONI, Maria Luiza. (2005) O que é mídia-educação. Coleção, Polêmicas do nosso tempo. São Paulo: Campinas: Autores Associados.2a ed. 2001.
BURKE, Peter & BRIGGS, Asa. Uma história social da mídia: de Gutenberg a Internet. Editora Jorge Zahar, 2004.
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TORKARNIA, Mariana. Analfabetismo cai, mas Brasil ainda tem 11 milhões sem ler e escrever. Agência Brasil, 2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2020-07/taxa-cai-levemente- mas-brasil-ainda-tem-11-milhoes-de-analfabetos. Acesso em 13 ago. 2020.